I
- INTRODUÇÃO
A ANATEL -
Agência Nacional de Telecomunicações, conta atualmente com um uma lista de
47.718 EASP - Entidades Autorizadas do Serviço Privado, todas elas listadas a
partir do Serviço 302
(Radioamadorismo), sendo essa população demograficamente dividida da seguinte
forma:
Acre - 70
|
Espírito Santo - 591
|
Paraíba - 1.474
|
Roraima - 106
|
Alagoas - 384
|
Goiás - 825
|
Pernambuco - 1.305
|
Rio Grande do Sul - 3.624
|
Amazonas - 305
|
Maranhão - 304
|
Piauí - 738
|
Santa Catarina - 3.019
|
Amapá - 221
|
Minas Gerais - 3.878
|
Paraná - 3.599
|
Sergipe - 472
|
Bahia - 1.090
|
Mato Grosso do Sul - 782
|
Rio de Janeiro - 5.372
|
São Paulo - 13.819
|
Ceará - 2.083
|
Mato Grosso - 260
|
Rio G. do Norte - 1.310
|
Tocantins - 52
|
Distrito Federal - 1.260
|
Pará - 543
|
Rondônia - 232
|
TOTAL: 47.718
|
A IARU -
International Amateur Radio Union mantém o censo radioamadorístico mundial[3], onde o Brasil aparece na 11ª
posição, com uma população de 32.053 radioamadores[4]. O Japão encabeça a lista com
1.296.059 radioamadores
cadastrados.
Há que se
considerar que esse registro, tido como "oficial" pela ANATEL, não
reflete a realidade do radioamadorismo brasileiro, vez que, ao se efetuar o
serviço de busca, a Agência Reguladora lista as entidades que possuem registros
de estações fixas e móveis, indicativos especiais e repetidoras, todas no mesmo
banco de dados, o que eleva esse número, dando uma falsa impressão de que há um
número muito grande de radioamadores. Porém, se formos aplicar uma regra
simples, onde podemos considerar uma terça parte desse número, na prática, essa
quantidade se mostra exponencialmente menor.
Dentro desse
universo, há radioamadores devotados ao DX, aos contestes, assim como há aqueles
que pura e simplesmente preferem o bate papo coloquial do dia-a-dia, onde não
têm a preocupação da cortesia da troca do cartão QSL. Para essa expressiva
parcela de radioamadores (a quem respeitosamente nos reportamos como "a
turma da rodada"), trabalhar um Diploma pela conquista de uma quantidade
de Estados, países, continentes, Zonas CQ ou ITU, enfim, trabalhar não somente
para "enfeitar a parede" da estação, mas para superar desafios, não se
aplica esse artigo, diretamente, mas que guarda uma estreita relação, já que
todos são radioamadores.
Referir-nos-emos,
diretamente, àqueles que são devotos do "DXismo", dos Contestes e da
necessidade de buscar Diplomas e Certificados, pela lógica do caso.
II
- OS DIPLOMAS WAB, WAA, WAO E O DBDX, OUTORGADOS PELA LABRE E A SUA IMPORTÂNCIA
PARA O RADIOAMADORISMO BRASILEIRO
Diariamente
ligamos o rádio e escutamos nas faixas de HF várias estações chamando "CQ
DX". Oportunamente, são estações situadas nas regiões Sul, Sudeste (maioria)
e Nordeste, esta já em menor número. Pouco se ouvem estações das Regiões
Centro-Oeste e Norte, efetivamente trabalhando DX ou fechando QSO com estações
nacionais para a finalidade de troca de QSL ou busca de Diploma, simplesmente.
Aliás, o que mais temos são rodadas locais, principalmente nas faixas dos 79[5], 39[6] e dos 20[7] metros, sejam rodadas
programadas ou eventuais bate-papos.
Em um dos nossos
últimos encontros na LABRE Paraíba, discutimos acerca da importância de se
trabalhar o Diploma outorgado pela LABRE intitulado WAB - Worked All Brasil, que é emitido em favor do radioamador que
comprove contato bilateral com estações situadas nas vinte e seis Unidades da
Federação e o Distrito Federal[8],[9]. Há outros dois Diplomas
emitidos pela LABRE, que são o WAA - Worked All Americas[10], o WAO - Worked All Atlantic
Ocean[11] e, por fim, o DBDX[12]. Esse tema, inclusive,
foi objeto de um post no Blog do
Guará DX Group em 2012[13].
Atualmente,
muitas são as facilidades de se conquistar o tão festejado DXCC - DX Century
Club, Diploma este emitido pela ARRL aos radioamadores que comprovem contatos
bilaterais com o mínimo de 100 entidades no mundo, dentre outros Diplomas por
ela emitidos[14],
listadas pela IARU[15]. Aliás, é mais fácil
trabalhar os 50 Estados estadunidenses para a obtenção do WAS - Worked All
States, do que o próprio WAB.
O Brasil conta
hoje com cerca de 122 radioamadores listados no Ranking DXCC Brasil[16] no modo misto - MIXED,
que é o marco inicial do DXCC para qualquer radioamador. Com o tempo e as
entidades trabalhadas, ele vai "especializando" suas conquistas e vai
amealhando outros certificados, tendo os já trabalhados como válidos à adição
de novas entidades. Há, pelo menos, cerca de 60 mil radioamadores no mundo que
já possuem seu DXCC (nosso registro é o de #58.008 em modo MIXED, emitido em
abril de 2013).
E quanto ao
Brasil? Quantos de nós já possuem o WAB, WAA, WAO ou DBDX? Cremos que não
chegou à casa do milhar o número de registros do WAB.
A LABRE nunca
divulgou em seu sítio tais dados, sequer sabemos quantos são labreanos,
portanto, não podemos exprimir a exatidão de tais informações (qualquer
esclarecimento pela Diretoria Nacional, fazendo-se até um censo de seus
associados para uma precisa base de dados, a fim de formar e manter uma fonte
de pesquisa posterior, será muito bem-vindo!), até porque também existem
radioamadores estrangeiros interessados na obtenção desse diploma, porém
esbarram na dificuldade ou quase que absoluta impossibilidade de confirmar uma
meia dúzia de Estados da Federação que até possuem radioamadores ativos, mas
que não há a cultura da troca do cartão QSL, seja porque não querem ter a
despesa financeira de pagar selos, IRC etc., ou porque o Bureau não funciona,
seja porque a Diretoria Estadual da LABRE é ineficiente, ou porque é inativa
mesmo.
Com o advento
da internet, ficou mais fácil esse intercâmbio
de cartões QSL. eQSL, LoTW[17], Clublog, Ham Log, HRD
Log, O-QSL, dentre outros, facilitam a confirmação desses contatos. Porém, se
voltarmos os olhos para a nossa realidade nacional, não encontramos tais
facilidades para confirmar um QSO com Estados da Região Norte, por sua vez,
onde a densidade demográfica radioamadorística é infinitamente menor que das
demais Regiões do país e acabam se tornando raros até mesmo para se trabalhar. De
tão raros, acabam se tornando "figurinhas" para a busca do WPX, a
exemplo, ou mesmo acabam sendo rapidamente "spotados" nos clusters ao menor sinal de CQ e daí
gera-se um pile-up ante a surpresa de
um Estado brasileiro que pouco (ou quase nunca) aparece nos clusters.
Para se ter
uma ideia mais clara, nas últimas 5 edições do CVA DX, tanto na modalidade CW,
quanto em SSB, PQ2 e PP8 não tiveram nenhum participante. Ao contrário, PW8
teve dois participantes em 2012 e um neste ano (sendo o mesmo do ano passado)[18], tendo sido, inclusive,
nas últimas horas do conteste, uma estação muito disputada pelos colegas que
participaram. O seu log foi enviado
para a Organização do Conteste, está lá confirmado.
Mas há
radioamadores ativos em TODOS os Estados da Federação.
Para se ter
uma dimensão do problema que vivenciamos, tomemos o exemplo do Amapá. Apesar de
haver listadas 221 EASP, raríssimas vezes são as escutados operadores de lá.
Temos um único cartão QSL. Ao contrário, Roraima, que conta com apenas 106
EASP, diariamente tem-se ao menos um radioamador ativo, trabalhando nas bandas
a nós disponíveis. Tocantins, que é o menor Estado da Federação em números, tem
pelo menos uma vez por semana, ou quinzenalmente, um PQ2 trabalhando em 39
metros, coordenando uma tradicional rodada nacional.
Trazendo a
nossa experiência pessoal para dentro deste singelo artigo, nos faltam ainda 4
Estados da Federação, quais sejam: PP8,
PT7, PR8 e PQ2. Para estes,
já foram enviados cartões QSL, tanto na via direta, quanto via LABRE, porém, até
este momento, não recebemos nenhum desses faltantes para completar a nossa
lista para o WAB. Se para nós esse diploma se mostra difícil, quiçá para
radioamadores estrangeiros!
O problema é
cultural.
Ficamos tão
arraigados a conceitos e rotinas diárias dentro do nosso hobby, que esquecemos,
por exemplo, ao efetuarmos um QSO com uma estação nova (ou mesmo que seja
alguém já conhecido nas rodadas), de enviarmos nosso cartão QSL. Aliás, há
radioamadores que sequer possuem cartão QSL (!), sendo este pedaço de cartolina
de 14 x 9 cm uma tradição mundial e que acompanha o tempo que o radioamadorismo
há na Terra. Basta enviar um, que seja, para confirmar o contato, sendo até
desnecessário (senão contraproducente e antieconômico) enviar, a cada contato
diário, um cartão QSL para a mesma estação.
III
- CONCLUSÃO
Certamente há
radioamadores que possuem créditos para o WAB e não se deram conta ainda, seja
por desconhecimento, seja por pura falta de interesse mesmo.
É necessário
que se crie e mantenha mais forte em nosso meio a cultura da troca do cartão
QSL, reforçando ainda mais esse desígnio para as estações onde a densidade
demográfica seja menor. Necessário se faz, também, que a LABRE e as suas
Diretorias Estaduais divulguem e incentivem a prática do que chamamos de
"DXismo local", dada a dimensão continental do Brasil.
Ademais, é
importante que a LABRE recrie o leiaute de um padrão de cartão QSL que possa
ser reproduzido pelas LABRE Estaduais a fim de que tal cartão seja vendido a
preço de custo para o radioamador que não queira mandar confeccionar, às suas
custas, o seu cartão QSL personalizado. Todavia, esse cartão-padrão é
perfeitamente aceito, desde que obedeça ao padrão internacional para a validade
de um QSO. Retoma-se, assim, a velha tradição do antigo cartão QSL que a LABRE
mandava imprimir e distribuía às então Seccionais para a venda aos seus
filiados e, com isso, mantinha-se em pleno funcionamento o Bureau de cada LABRE
Estadual.
Falta vontade,
falta atitude e, nos perdoem a franqueza, falta patriotismo... pois aprendemos
a valorizar o que é do outro e esquecemos de olhar para dentro do que nos é
mais caro, menoscabando, em detrimento do que é mais facilmente amealhado,
aquilo que nos pertence, por mérito.
Eis
o que reza o regulamento para os Diplomas da LABRE, em breves linhas:
"Normas gerais a serem
obrigatoriamente consideradas/obedecidas e que seguem as Convenções
Internacionais: Todas as estações contatadas serão estações de radioamadores
funcionando de acordo com a legislação nacional e internacional, nas Bandas
autorizadas e/ou licenciadas. Todos os contatos serão com estações terrestres,
não sendo considerados contatos com navios ancorados e/ou aeronaves. Todos os
LOG recebidos, contendo o Aval do Diretor de Diplomas, de um Check-point ou, na
falta destes, de dois radioamadores Classe A do País solicitante, serão
avaliados/conferidos pelo Diretor de Diplomas da LABRE, exatamente como forem
recebidos. Todas as solicitações deverão ser enviadas ao endereço da LABRE
acompanhadas de 10 (dez) selos de 1º porte pelos radioamadores brasileiros e 10
(dez) dólares americanos ou o equivalente em IRCs para os radioamadores
estrangeiros. LABRE, CAIXA POSTAL n. 4, CEP 70351-970, Brasília, DF – BRASIL."
O Diploma WAB
está plenamente acessível a todos os Permissionários, não importando o modo de
operação, a banda, nem a época dos QSO. Basta apenas a boa vontade de se enviar
o cartão QSL; basta que haja interesse pelo WAB; basta que valorizemos a
"prata da casa", que é a LABRE. 73!
[1]
Por Ramiro Ramos de Carvalho - PR7RC (ex-PU8GRR
(PQ8), PW8RC).
[2]
Permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
[3]
http://www.iaru.org/uploads/1/3/0/7/13073366/ac-1997.pdf,
dados de 1997.
[5]
Considerando como centro da faixa a frequência de 3.650 kHz.
[6]
Considerando como centro da faixa a frequência de 7.150 kHz.
[7]
Considerando como centro da faixa a frequência de 14.175 kHz.
[10] WAA: está disponível para todos os radioamadores do mundo que
confirmem contato com 45 (quarenta e cinco) países nas áreas geográficas
americanas, segundo a lista oficial de DXCC. Um deles, obrigatoriamente, terá
que ser o Brasil.
[11]
WAO: está
disponível para todos os radioamadores do mundo que confirmem contatos com 21 (
vinte e um ) países banhados pelo Oceano Atlântico e pelo menos uma estação
brasileira situada em cada uma de suas regiões geográficas, como a seguir: 1ª
Região: PP1 ou PY1; 2ª Região: PP2, PQ2, PT2 ou PY2; 3ª Região: PY3; 4ª Região:
PY4; 5ª Região: PP5 ou PY5; 6ª Região: PP6 ou PY6; 7ª Região: PP7, PR7, PS7,
PT7 ou PY7; 8ª Região: PP8, PQ8, PR8, PS8, PT8, PV8, PW8 ou PY8; e 9ª Região:
PT9 ou PY9; Ilhas Oceânicas: PY0.
[12] DBDX: está disponível para todos os radioamadores do mundo que
confirmem contato com um mínimo de 20 ( vinte) países diferentes constantes da
lista oficial do DXCC sendo obrigatoriamente um deles o Brasil. Todos os
contatos devem ter sido feitos indistintamente nas bandas de 40, 80 e 160
metros.
[14]
WAS, WAC, VUCC, dentre outros.
[16]
http://www.py2kp.com/mixed.htm,
Ranking de agosto de 2009.
[17]
O único oficialmente reconhecido à emissão do Certificado DXCC, criado e
mantido pela ARRL desde 1993.
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